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De ‘Pôr do Sol’ a ‘House of The Dragon’, as séries para ver em Agosto

De ‘Pôr do Sol’ a ‘House of The Dragon’, as séries para ver em Agosto

A prequela de A Guerra dos Tronos é o elefante na sala. Ou melhor, o dragão (cof, cof): não vale a pena polir em demasia o discurso sobre o conjunto de séries a estrearem-se em Agosto, porque a expectativa televisiva este mês está em grande parte concentrada em House of The Dragon. Os fãs estão de faca nos dentes. As empresas de streaming estão na expectativa. Mas não estão paradas. Ao blockbuster da HBO Max, a Netflix responde com uma produção há muito esperada, Sandman: Mestre dos Sonhos, adaptação dos romances gráficos de Neil Gaiman, e a Disney+ com os seus pesos pesados em simultâneo, os universos Marvel e Star Wars – She-Hulk: A Advogada e Andor. A produção nacional também vai à luta, regressando a um dos grandes sucessos do Verão passado: Pôr do Sol. No final, o mais provável é ganharem os espectadores. Recomendado: As melhores razões para ligar a televisão esta semana

‘Succession’ vs. ‘Squid Game’. As principais nomeações aos Emmys

‘Succession’ vs. ‘Squid Game’. As principais nomeações aos Emmys

Succession (25) e The White Lotus (20) são as séries com mais nomeações aos Emmys de 2022. E a elas se deve, em boa medida, a aceleração da HBO para o primeiro lugar das plataformas de streaming com maior número de indicações aos mais cobiçados prémios de televisão do mundo. Um lugar que pertencia à líder de mercado, a Netflix. São 140 as nomeações, entre HBO e HBO Max, embora, feitas as contas a partir de Portugal, onde o catálogo disponível inclui títulos da Showtime e da Hulu (como Yellowjackets ou The Great), esse número dispara para 179. A Netflix ficou-se pelas 105. Ainda assim fez história, ao conseguir incluir na categoria de Melhor Série Dramática uma produção em língua não-inglesa: a sul-coreana Squid Game. A Apple TV+ também faz figura com a sua política poucas-mas-boas. E tanto a Disney+ como a Amazon Prime Video dão ares de sua graça. Nas categorias de interpretação, destaque para as duplamente nomeadas Sydney Sweeney e Julia Garner. Os Emmys 2022 são entregues a 12 de Setembro, em Los Angeles. Recomendado: Os filmes nomeados aos Óscares que tem de ver em streaming

‘Black Bird’, ‘Uncoupled’ e mais séries para ver em Julho

‘Black Bird’, ‘Uncoupled’ e mais séries para ver em Julho

É Verão e o sofá é quente. É dentro de casa. Sufocante. A época estival é mais dada a copos e esplanadas, jardins e piqueniques, praias e mergulhos. E no entanto o sofá, traído, lá nos espera no lar, doce lar, para o inevitável regresso. Na volta, o sofá, que neste texto tem vontade própria, terá um astuto plano de sedução, que passa por outra parelha de actividades imbatível: descanso e séries de televisão. Vamos claudicar. Em Julho, as diferentes plataformas de streaming têm novidades bastantes para encher o mês inteiro – mas como somos comedidos, para não tirar tempo ao ar livre, optámos por escolher apenas sete. Sete séries para ver em Julho. Parece-nos equilibrado. Recomendado: As melhores séries do momento

Rodrigo Santoro: “Fernão de Magalhães era muito atrevido”

Rodrigo Santoro: “Fernão de Magalhães era muito atrevido”

No cinema, já foi o deus-rei Xerxes (300), o revolucionário cubano Raúl Castro (em Che, o díptico de Steven Soderbergh) e uma lenda do futebol brasileiro (Heleno: O Príncipe Maldito). Agora é a vez de fazer uma figura histórica também para televisão (onde já o vimos em Perdidos ou Westworld). Rodrigo Santoro faz Fernão de Magalhães em Sem Limites, minissérie de seis episódios que se estreia esta sexta-feira, 24 de Junho, na Amazon Prime Video. É o retrato de um homem obstinado e que ficou para a História como o visionário e principal executor da primeira viagem de circum-navegação, cujo final está prestes a fazer 500 anos. Não foi o navegador português a concluí-la, foi o espanhol Juan Sebastián Elcano, que a série dirigida por Simon West (A Filha do General, Lara Croft: Tomb Raider) coloca como co-protagonista e é interpretado pelo “professor” Álvaro Morte. Nada que menorize Magalhães aos olhos do actor brasileiro, que para esta entrevista pôs o seu melhor sotaque de português de Portugal. Vê-se que vestiu a camisola – perdão, a camisa. Gosta mais de ver ou de fazer reconstituições históricas?Eu adoro ver filmes, sou um amante do cinema, mas gosto muito do que faço. Acho que iria com o fazer, realizar. O que o cativou nesta série?A história fascinante de uma personagem complexa e muito polémica. Herói, vilão, traidor... Quando comecei a pesquisar, [encontrei] muitas opiniões diferentes, contraditórias, mas isso foi ainda mais estimulante. Quem teria sido esse homem? Queria s

‘Ms. Marvel’, ‘Peaky Blinders’ e mais dez séries para ver em Junho

‘Ms. Marvel’, ‘Peaky Blinders’ e mais dez séries para ver em Junho

Junho é um mês de regressos na televisão. Regressos e revisões. Começa logo com Borgen, a série que nos apaixonou pela política dinamarquesa há cerca de uma década, e que estreia agora uma quarta e nova temporada (Netflix). Olivier Assayas recua ainda mais, para realizar outra vez Irma Vep, desta feita com Alicia Vikander (HBO Max). The Boys (Amazon Prime Video), Physical (Apple TV+), Peaky Blinders e Umbrella Academy (ambos Netflix) também têm novas temporadas. E não é tudo. La Casa de Papel transforma-se numa série coreana e, no cabo, The Lost Symbol devolve-nos à obra de Dan Brown (TVCine Action). Mas nas séries para ver em Junho há ainda um novíssimo capítulo do Universo Cinematográfico da Marvel: Ms. Marvel. Recomendado: As séries do momento que estão a colar-nos à televisão

‘Obi-Wan Kenobi’, ‘Stranger Things’ e mais 11 séries para ver em Maio

‘Obi-Wan Kenobi’, ‘Stranger Things’ e mais 11 séries para ver em Maio

Universos, galáxias, mundos invertidos. O mês de Maio, no streaming e na televisão por cabo, é rico em realidades alternativas, seja ficção científica ou fantasia. Mas não só. O tempo dobra-se sobre si próprio e às tantas vamos estar ora em trajes pouco práticos do século XIX à procura de figuras mitológicas (The Essex Serpent), ora em descargas de nostalgia (sobretudo graças ao muito aguardado regresso de Stranger Things). Este leque de séries para ver em Maio dá ainda resposta a quem prefere uma dieta televisiva mais dada à verossimilhança: seja com o inevitável true crime (The Staircase), seja com espiões no Médio Oriente (Teerão). Há mais, incluindo a primeira série do cineasta espanhol Alejandro Amenábar (La Fortuna). Vejamos uma a uma. Recomendado: Onze minisséries da Netflix que vale a pena ver

‘Obi-Wan Kenobi’, ‘Stranger Things’ e mais 11 séries para ver em Maio

‘Obi-Wan Kenobi’, ‘Stranger Things’ e mais 11 séries para ver em Maio

Universos, galáxias, mundos invertidos. O mês de Maio, no streaming e na televisão por cabo, é rico em realidades alternativas, seja ficção científica ou fantasia. Mas não só. O tempo dobra-se sobre si próprio e às tantas vamos estar ora em trajes pouco práticos do século XIX à procura de figuras mitológicas (The Essex Serpent), ora em descargas de nostalgia (sobretudo graças ao muito aguardado regresso de Stranger Things). Este leque de séries para ver em Maio dá ainda resposta a quem prefere uma dieta televisiva mais dada à verossimilhança: seja com o inevitável true crime (The Staircase), seja com espiões no Médio Oriente (Teerão). Há mais, incluindo a primeira série do cineasta espanhol Alejandro Amenábar (La Fortuna). Vejamos uma a uma. Recomendado: Onze minisséries da Netflix que vale a pena ver

De ‘Kardashians’ a ‘Shining Girls’, 12 séries para ver em Abril

De ‘Kardashians’ a ‘Shining Girls’, 12 séries para ver em Abril

Na ressaca dos Óscares, e da vitória da Apple sobre a superfavorita Netflix, o calendário televisivo mensal começa e acaba, curiosamente, com esse underdog multimilionário que estamos mais habituados a associar a hardware informático do que a séries e filmes. Mas o alerta aí está, feito em directo a partir de Hollywood e tudo, para depois não podermos dizer que fomos apanhados de surpresa. É portanto na Apple TV+ que arranca esta lista de séries obrigatórias para ver em Abril, e é aí que terminará, cerca de quatro semanas mais tarde, fechando a victory lap da empresa de Cupertino. De Slow Horses, com Gary Oldman, a Shining Girls, com Elisabeth Moss. Pelo meio, não faltam boas propostas dos suspeitos do costume no streaming, com regressos há muito esperados – na Netflix, na HBO Max, na Disney+ e na Amazon Prime Video. Relacionado: As melhores séries do momento

‘Peacemaker’, ‘Obi-Wan Kenobi’ e mais 13 séries para ver em Março

‘Peacemaker’, ‘Obi-Wan Kenobi’ e mais 13 séries para ver em Março

Este é o mês em que a HBO Max chega finalmente a Portugal, e vem logo com uma das séries mais badaladas dos últimos meses: Peacemaker, extraído de O Esquadrão Suicida de James Gunn. Logo no dia de estreia, 8 de Março, o renovado serviço de streaming traz mais duas produções de peso – Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty e Our Flag Means Death, cujo nome de código é a-série-de-piratas-de-Taika-Waititi. Na concorrência, a Disney+ continua a exploração da galáxia Star Wars e do universo Marvel, com Obi-Wan Kenobi e Moon Knight, respectivamente. Netflix, Amazon Prime Video e Apple TV+ também têm bons trunfos na manga. E, nas produções nacionais, a Opto traz-nos a história da “Viúva Negra” portuguesa. Há mais, muito mais, mas estas são as 15 séries essenciais para ver em Março. Recomendado: As melhores séries do momento

Treze séries portuguesas de fazer inveja aos estrangeiros

Treze séries portuguesas de fazer inveja aos estrangeiros

Longe vão os tempos em que a ficção na televisão nacional se resumia às telenovelas. Nos últimos anos, a produção de séries cresceu e provou que o formato pode funcionar. A RTP tem sido a grande impulsionadora, investindo, promovendo co-produções internacionais e aliando-se até às maiores plataformas de streaming. O ano de 2021 ficou, aliás, marcado pela estreia de Glória, o primeiro “original” português da Netflix, que entretanto adquiriu os direitos de Até Que a Vida Nos Separe, para a estrear em todo o mundo. A HBO e a Amazon também estão em campo, mas não temos estado à espera dos estrangeiros. Por vezes, basta uma boa ideia para nos colar à televisão, como em Último a Sair ou Odisseia. Ou uma equipa inatacável de criativos e intérpretes, como em Sara. Noutras, é a nostalgia que nos deixa pelo beicinho, seja a vintage Duarte e Companhia ou as ficções de época Conta-me Como Foi e 1986. E o jovem serviço de streaming da SIC, a OPTO, também já nos captou a atenção. Há muitas e boas séries portuguesas para ver. Estas 13 não deve deixar escapar. Recomendado: As melhores séries do momento

Treze séries portuguesas de fazer inveja aos estrangeiros

Treze séries portuguesas de fazer inveja aos estrangeiros

Longe vão os tempos em que a ficção na televisão nacional se resumia às telenovelas. Nos últimos anos, a produção de séries cresceu e provou que o formato pode funcionar. A RTP tem sido a grande impulsionadora, investindo, promovendo co-produções internacionais e aliando-se até às maiores plataformas de streaming. O ano de 2021 ficou, aliás, marcado pela estreia de Glória, o primeiro “original” português da Netflix, que entretanto adquiriu os direitos de Até Que a Vida Nos Separe, para a estrear em todo o mundo. A HBO e a Amazon também estão em campo, mas não temos estado à espera dos estrangeiros. Por vezes, basta uma boa ideia para nos colar à televisão, como em Último a Sair ou Odisseia. Ou uma equipa inatacável de criativos e intérpretes, como em Sara. Noutras, é a nostalgia que nos deixa pelo beicinho, seja a vintage Duarte e Companhia ou as ficções de época Conta-me Como Foi e 1986. E o jovem serviço de streaming da SIC, a OPTO, também já nos captou a atenção. Há muitas e boas séries portuguesas para ver. Estas 13 não deve deixar escapar. Recomendado: 25 filmes portugueses obrigatórios

‘Pam & Tommy’, ‘Futre’ e mais 11 séries a não perder em Fevereiro

‘Pam & Tommy’, ‘Futre’ e mais 11 séries a não perder em Fevereiro

Os anos 1990 estão fortes este mês. Seja com o revival da sitcom Doido por Ti, duas décadas depois; seja com a história de amor – e devassa da vida privada – de Pamela Anderson e Tommy Lee; seja com a série documental sobre Paulo Futre; ou seja ainda com mais um temporada de Midsomer Murders (a 22.ª!). São várias as propostas para viajar no tempo. Se preferir viagens no Espaço, regressam Raised By Wolves, Space Force e Resident Alien. Ou pode submergir no Atlântico com a primeira produção luso-espanhola para a Amazon Prime Video, Operação Maré Negra. Ficar parado, sem nada de novo para ver, é que não é opção. Estas são as 13 séries de televisão a não perder em Fevereiro. Recomendado: As séries do momento que estão a colar-nos à televisão

Listings and reviews (17)

O Filme do Bruno Aleixo

O Filme do Bruno Aleixo

3 out of 5 stars

A estreia no cinema do sexagenário urso-cão mais famoso das Beiras é um absurdo. Embora não o completo e espertalhão absurdo por que ansiávamos. Quem estava a salivar por hora e meia de sitcom focada em conversas do quotidiano, chocarrice saloia pontuada por silêncios desconfortáveis e pequenos embustes, terá de recalibrar as expectativas. O Filme do Bruno Aleixo começa com o protagonista coimbrão (com ascendência na Bairrada e no Brasil) a revelar ter sido contactado por “um homem que tem uma empresa que faz filmes” – Luís Urbano, da O Som e a Fúria, que já tinha produzido as séries “Aleixo Psi” e “Copa Aleixo” –, que o desafiou a rodar uma biografia sua para o grande ecrã. E Aleixo convoca a grupeta do costume – Homem do Bussaco, Renato Alexandre e Busto – para o ajudar a ter uma proposta para apresentar... no último dia do prazo. O que nos é apresentado é a conversa de café que resulta daí, com a representação, por actores de carne e osso – Adriano Luz, Rogério Samora, Manuel Mozos, Gonçalo Waddington, José Raposo, João Lagarto –, das ideias que vão surgindo. Tem graça, claro. E uma das premissas da interacção entre estas personagens, a de que os diálogos são circulares e que o ponto de partida interessa pouco, é respeitada. Mas se os criadores João Moreira e Pedro Santo constroem este filme em cima do conhecimento prévio deste universo, também sentiram necessidade de se afastarem dele para garantir acção, dando demasiado espaço ao live action. Já deveriam saber que um bom

Bostofrio

Bostofrio

2 out of 5 stars

Filho de pai incógnito é uma condição que a lei portuguesa prevê, desde 1977, apenas para casos excepcionais. Mesmo assim, é uma realidade que persiste: em 2010, existiam 150 mil nessas condições, e o número de registos anuais tem aumentado. O pai de Paulo Carneiro, que aqui se estreia na realização, é um deles. E o propósito deste documentário é uma busca por respostas, por histórias e até por uma simples fotografia que o ajudem a conhecer o avô, que só é incógnito no papel – na aldeia barrosã de Bostofrio, 30 habitantes, toda a gente sabe quem foi, como foi, o que aconteceu. Carneiro (Lisboa, 1990) passou por dificuldades para fazer este filme, não em quebrar a “lei do silêncio”, como quer fazer crer, mas em ganhar a confiança daquela gente simples, intimidada pela câmara e por inquirições delicadas. Esse processo ficaria bem fora do filme. Seria igualmente vantajoso que preparasse as entrevistas, para evitar ser errático, repetitivo e disfarçar o mau jeito. Descontando redundâncias narrativas e as bucólicas paisagens transmontanas, sobra pouco. É aí, e não no plano técnico, que se sente a falta de meios: seria necessária outra dedicação para alcançar o resultado pretendido. O documentário é exibido em conjunto com a curta Cinzas e Brasas, de Manuel Mozos. Por Hugo Torres

Skin - História Proibida

Skin - História Proibida

3 out of 5 stars

Bryon Widner é um supremacista branco numa encruzilhada: depois de participar no espancamento de um jovem negro durante uma manifestação, o brutamontes, venerado entre pares, começa a duvidar do caminho da violência. Skin passa-se no Ohio, em 2009, e é baseado em factos reais. Bryon não é só uma personagem – é alguém que decidiu sair do movimento neonazi, penou para o conseguir (com a ajuda de um activista negro), agiu como denunciante para o FBI, e passou dois anos em dolorosas cirurgias para remover as tatuagens iconográficas do rosto. O filme tem pontos de contacto com a curta-metragem homónima com que o realizador Guy Nattiv, de origem israelita, ganhou um Óscar. Mas a longa demora-se no recrutamento, nas batalhas fratricidas e no romance que o mantém à tona. Nattiv optou por se aproximar do monstro para tentar compreendê-lo. Não é o mesmo retrato cru e impiedoso deste tipo de marginalidade. O que retira pujança à narrativa, mas oferece a excelente Vera Farmiga ao elenco. Por Hugo Torres

Avenida Almirante Reis em 3 andamentos

Avenida Almirante Reis em 3 andamentos

1 out of 5 stars

Lisboa tem poucas avenidas tão ricas, com gente de tantas proveniências, extractos sociais e projectos de
vida. É uma fonte virtualmente inesgotável de histórias e leituras da sua angulosa realidade, de leituras longitudinais ou trabalhos menos densos. É por isso frustrante ver Avenida Almirante Reis em 3 Andamentos esconder a sua inépcia atrás de um título pomposo e da paciente bondade com que a cinefilia classifica este tipo de projecto: “filme- ensaio”. Um ensaio pressupõe explorar uma ideia, um bem escasso por estas paragens. Recuando a Cândido dos Reis e à República, passando pelo 1.o de Maio de 1974, Renata Sancho propõe-se olhar para as mudanças em curso nesta avenida (a rodagem decorreu entre 2016 e 2018, quando os preços do imobiliário dispararam). Mas o resultado é uma sequência de planos desconexos, sem interesse nem narrativa, que parece feita só para iniciados. E sabe deus que interesse encontrarão esses por aqui. Por Hugo Torres

Santiago, Italia

Santiago, Italia

3 out of 5 stars

As “geringonças” sinistras não são uma originalidade portuguesa. Em 1970, Salvador Allende congregou quase toda a esquerda chilena na candidatura presidencial que o levou ao poder, com o apoio essencial dos democratas-cristãos. Socialistas, sociais-democratas, comunistas e outros marxistas tomaram La Moneda pela via democrática, um feito extraordinário em tempo de golpes e revoluções, e em plena Guerra Fria, que gerou entusiasmo no país e
 um alarmismo despeitado em Washington. Entendendo que era preciso impedir que a experiência fizesse escola, o nefasto Richard Nixon pôs a CIA em campo para precipitar a queda do governo, o que acabou por acontecer de forma trágica a 11 de Setembro de 1973. Neste regresso ao documentário, Nanni Moretti começa por mostrar o ambiente de festa que se seguiu à eleição, passa às divergências no seio da coligação e, quando damos por nós, já os militares saíram à rua para “restaurar” a democracia, bombardeando a capital, Santiago, e instaurar uma ditadura que durou até 1990. Allende suicida-se. Pinochet, o general que comanda as tropas, ordena a perseguição imediata
 de esquerdistas mais activos, que encontram na diplomacia italiana um refúgio e a possibilidade de uma nova vida, na Europa, ao contrário do que acontece com os migrantes do Mediterrâneo hoje. E é aqui que o realizador italiano quer chegar: a intenção nunca foi abordar aqueles anos de sonho materializado, que até inspiraram o “compromisso histórico” da política italiana nos anos 1970.

Onde Está Você, João Gilberto?

Onde Está Você, João Gilberto?

“Porquê tentar encontrar um homem que não quer ser encontrado?” O realizador franco-suíço Georges Gachot faz a pergunta e dá a resposta com o documentário João Gilberto, Onde Está Você?, que se estreia neste sábado no Cinema Monumental. É um enamoramento, uma obsessão feita policial, que nos leva no encalço do pai da bossa nova. João Gilberto, recentemente desaparecido, aos 88 anos, passou a derradeira fase da sua vida em reclusão doméstica, longe dos palcos e de quaisquer olhares indiscretos. Rever o cantor e compositor era, por isso, um desejo acalentado por fãs, amigos e jornalistas. Nenhum dos quais foi bem-sucedido nesse desígnio. Gachot – que tem uma filmografia recheada de música brasileira, tendo se debruçado sobre Maria Bethânia (Música é Perfume, 2005), Nana Caymmi (Rio Sonata, 2010) e Martinho da Vila (O Samba, 2014) – foi para o Rio de Janeiro seguir os passos do jornalista alemão Marc Fischer, que ali passou cinco semanas a tentar cruzar-se com João Gilberto, para que este lhe cantasse ao violão, e à sua frente, “Ho-ba-la-lá”. O tema tinha-lhe sido dado a ouvir por um japonês, anos antes, servindo de porta de entrada à bossa nova e a uma paixão ímpar pelo seu autor. Fischer falhou o objectivo, mas descreveu o processo em Ho-ba-la-lá – À Procura de João Gilberto, suicidando-se pouco antes do lançamento do livro, em 2011. Miúcha, João Donato, Marcos Valle e Roberto Menescal são entrevistados no filme, tal como o barbeiro que atendia o compositor baiano em casa e o

Aperta Aperta Com Elas

Aperta Aperta Com Elas

2 out of 5 stars

Uma pequena e alva aldeia no cantão suíço dos Grisões vive uma ilusão: a normalidade dos casais, dos filhos, dos bolinhos, dos ajuntamentos de vizinhos e das missas dominicais esconde uma paz podre que vai deixar esta comunidade à beira do precipício. O catalisador é a chegada de um forasteiro no lugar onde ele é menos esperado: o púlpito da igreja. A diocese destaca para ali um pároco indiano com uma mensagem mais cristã do que a hierarquia católica gostaria, centrada no amor. Não só o amor etéreo: o padre Sharma aconselha o seu rebanho sobre o amor executado entre lençóis. Se no início é recebido com desconfiança racista, quando os homens descobrem as mulheres de Kama Sutra na mão, tentam afastá-lo para camuflar infidelidades, inseguranças e impotências. O filme de Christoph Schaub não cria o clima de tensão que uma história destas teria numa aldeia remota, nem funciona como a comédia que se anuncia (o mais hilariante da fita é o título em português). Salva-se a possibilidade de ouvirmos diálogos em romanche, uma língua em risco de extinção. Por Hugo Torres

Linhas Tortas

Linhas Tortas

2 out of 5 stars

Luísa é uma jovem e bela actriz. Acaba de regressar a Lisboa, tendo importado de Londres uma relação infeliz. António é um arguto e reconhecido escritor, que assina uma celebrada coluna de jornal: “Linhas Tortas”. É casado, tem um filho da idade de Luísa, e conhecemo-lo quando se estreia a fazer figura “de parvo” como comentador na televisão. São ambos utilizadores de redes sociais – ela descontraidamente, nos intervalos do dia; ele à noite, no escritório de casa, com um copo de uísque a acompanhar. É nesse ambiente virtual, em que António se esconde atrás do nome e da imagem do místico russo Grigori Rasputin, que se cruzam e inevitavelmente se enamoram. Após hesitações várias, decidem encontrar-se. O que não chega a acontecer: António sofre um acidente de viação, perde parcialmente a memória e fica hospitalizado por muito tempo. Rita Nunes, que se estreou em 1996 com a temperamental e homicida curta-metragem Menos Nove, e tem vindo a trabalhar em publicidade e televisão, trouxe para a sua primeira longa-metragem parte do elenco da série Madre Paula, que co-realizou para a RTP em 2017: Joana Ribeiro (Luísa), Maria Leite (amiga de Luísa), Miguel Nunes (filho de António) e Joana Pais de Brito; aos quais se juntaram Américo Silva (António) e Ana Padrão (mulher de António). Os actores estão tão bem quanto lhes permite o argumento, que Carmo Afonso, uma das contribuintes líquidas do Twitter português, escreveu. Sem espaço nem tempo para se desenvolverem, as personagens avançam por

Quero-te Tanto!

Quero-te Tanto!

1 out of 5 stars

Vicente Alves do Ó faria bem em levar a comédia a sério. Quero-te Tanto não é um filme,
 é um passeio da fama para actores de telenovela,
 a desfilar no nível rasteiro a que anseiam ver os
 seus nomes encastrados numa rua qualquer. Personificam bonecos de cartão que não chegam
 a ser personagens, a ter espessura, vieses, sofisticação. O realizador dirá que estamos diante de uma rom-com ostensivamente cartunesca, mas nada justifica o texto preguiçoso, as caricaturas toscas, os estereótipos simplórios, as graçolas em esboço. Os protagonistas, Mia (Benedita Pereira) e Pepê (Pedro Teixeira), estão numa encruzilhada familiar, entre a alegria do filho que vem e a angústia do dinheiro que falta. O casal decide roubar “rapidinhas da sorte”, do interior da estátua do Marquês de Pombal, e acaba detido, julgado e encarcerado. Até que ele foge da prisão para se reencontrar com a amada em Serpa, recorrendo a ajudas voluntárias 
e involuntárias (incluindo de uma jornalista cujas boas intenções são abocanhadas pela voracidade inescrupulosa da estação para que trabalha, a 
TVI, que co-produz o filme e nos entra pelos olhos dentro). No seu encalço leva os agentes Coelho e Raposo, interpretados por Pedro Lacerda e Joana Manuel ao estilo Jacques Clouseau, cujas aparições são raríssimos momentos de oxigénio na fita. Dalila Carmo e Rui Mendes também merecem apreço, em contraste com as desaustinadas Alexandra Lencastre e Fernanda Serrano. A banda sonora – Doce, Paião, Cid, Sheiks – atinge o zénite

Besta

Besta

2 out of 5 stars

Jersey é um paraíso fiscal no Canal da Mancha. Esqueçam as congéneres caribenhas:
 esta ilha é austera, a alegria reside na família e no circuito fechado de amigos. Moll (Jessie Buckley) é uma jovem adulta sufocada por um pai demente e uma mãe rígida e controladora. Conhecemo-la pouco antes de ela fugir do seu aniversário, passar a noite a dançar com um estranho, e acabar a ser salva de uma possível violação por Pascal (Johnny Flynn), um “artesão” cadastrado, marginal e suspeito de ser um assassino em série. Moll apaixona-se e enfrenta toda a gente para o defender, criando uma tensão explosiva na pequena comunidade. Michael Pearce (Bafta para melhor estreia) não consegue dar à história o suspense que se exigiria e a força do filme perde-se na realização, no guião pouco subtil e na ineficaz direcção de actores. Por Hugo Torres

Zubir

Zubir

O segredo desta churrasqueira está no molho com que se lambuzam os pitos acabados de sair da grelha. Um piripíri de inspiração indiana que faz a síntese desta casa no Bairro das Colónias: frango moçambicano, picante indiano, atendimento brasileiro. Para acompanhar  com batata frita e arroz basmati bem seco (meio frango com ambos, 5,50€). O espaço é  muito pequeno, halal (não serve álcool) e ponto de encontro da comunidade muçulmana local. Quando lá fomos, duas senhoras de hijab discutiam os méritos de Shakira.

Couve

Couve

Bráulio Amado é um ponta de lança do design gráfico nacional: trabalha com o New York Times, a New Yorker e a Vanity Fair. E agora tem um trabalho nos Anjos – o logótipo da Couve, a novidade mais fresca do bairro. É uma loja de vestuário e calçado vegan. Sapatos sem pele; meias, gorros e cachecóis sem lã. Atrás do balcão está Vasco Monteiro, que quer provar que se pode vestir com consciência “mas com pinta”. “Precisamos de abandonar a imagem de que o calçado vegan é chinelo ou Paez, que tem de ser freak. Sempre tive uma preocupação com o estilo”, diz. As botas da Good Guys Don’t Wear Leather, marca francesa  produzida em Portugal, estão nas prateleiras prontas para o Inverno. (Feliz coincidência: na porta ao lado encontra uma mercearia de um casal hindu vegetariano: Kumar e Meeta.)

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Antes do jantar, o Memoria oferece os petiscos para um “apéritif”

Antes do jantar, o Memoria oferece os petiscos para um “apéritif”

O Memoria está aberto todo o dia, todos os dias. Ao jantar, nem sempre é fácil conseguir mesa, mas o melhor mesmo é chegar antes. Umas horas antes, a partir das 17.00. A essa hora começa uma espécie de happy hour no pátio exterior, em que o restaurante de Campo de Ourique oferece a comida a quem lá for beber os seus aperitivos. O Apéritif Memoria, assim se chama a iniciativa, está disponível de segunda a sexta-feira até às 20.00. A partir daí, é hora para experimentar os novos pratos na ementa. Mas vamos por partes. Primeiro, o Apéritif. Apesar do nome em francês, é inspirado num hábito que se criou em Itália antes de espalhar para outras geografias (incluindo a nossa, claro). Antes de mais, porque o Memoria é um restaurante italiano, mas também porque naquele país um aperitivo, além do que se bebe e do que se come para abrir o apetite antes do jantar, é também um acto de cortesia em que os clientes pagam as bebidas e quem serve leva, de oferta, uns aperitivos para a mesa. No caso do Memoria, são a focaccia, os queijos e os enchidos. Na carta das bebidas estão os inevitáveis Spritz (6€). Há nove para escolher, começando no clássico laranja, o Aperol Spritz, a outras misturas com Prosecco e San Pellegrino, como o Bergamota Spritz (a laranja-bergamota é um pequeno citrino da Calábria), o Campari Spritz ou o Limoncello Spritz. Estão três opções de vinho, o branco Marquês de Borba Colheita, o tinto Barca do Inferno e o rosé 3000 Rosas, para pedir a copo (a partir de 3,5€) ou à ga

Quarta temporada de ‘The Handmaid’s Tale’ chega finalmente a Portugal

Quarta temporada de ‘The Handmaid’s Tale’ chega finalmente a Portugal

Poucos dias depois de ter sido revelado o trailer da quinta temporada de The Handmaid’s Tale, a estrear-se ainda este ano nos EUA, o TVCine Emotion anunciou a data em que a quarta temporada chegará, por fim, à televisão nacional. Os espectadores portugueses vão poder ver os dez episódios a partir de 1 Agosto, semanalmente, às segundas-feiras. Quem quiser ver cada capítulo à antiga, seguindo a grelha de programação e cumprindo o horário de transmissão no cabo, pode ligar-se às 22.10. Para os demais, também há solução. Os episódios ficam depois disponíveis no TVCine+, o serviço de vídeo on-demand destes canais, onde se podem ver igualmente as três primeiras temporadas da série. Nesta quarta temporada, June (Elisabeth Moss) é levada ferida pelas outras servas para o que virá a ser o seu centro de operações na luta pela liberdade das mulheres e contra a distopia e a opressão criadas pelos senhores de Gilead. Fred Waterford (Joseph Fiennes) continua preso pelos norte-americanos no exílio e descobre, junto com a mulher, Serena (Yvonne Strahovski), que as crianças que June ajudou aterraram e vão ser acolhidas em Toronto. O melhor é não procurar muito mais online, visto que parte do planeta já viu esta temporada entre Abril e Junho do ano passado – e não faltam spoilers por aí. Este atraso deve-se à forma como os direitos de transmissão foram negociados entre os canais TVCine e a Hulu, o serviço de streaming original da série e que, apesar de pertencer ao universo da The Walt Disney

‘Resident Evil: A Série’ mergulha o mundo num apocalipse canibal

‘Resident Evil: A Série’ mergulha o mundo num apocalipse canibal

Sem Milla Jovovich nem Paul W. S. Anderson, Resident Evil está desde o ano passado a reinventar-se em produções de carne e osso. Primeiro através de Resident Evil: Raccoon City, que serviu como reboot no cinema à saga inspirada nos videojogos da Capcom. Agora, através de Resident Evil: A Série, que se estreia esta quinta-feira, 14 de Julho, na Netflix. O que significa que passamos a ter duas histórias de Resident Evil a correr em paralelo, uma no grande ecrã, outra no pequeno, tendo em comum pouco mais do que a produtora alemã que adquiriu os direitos de adaptação em 1998, a Constantin Film. Até porque o filme (escrito e realizado por Johannes Roberts) olha para trás, enquanto a série nos lança num futuro apocalíptico em que o T-Vírus contagiou quase toda a humanidade. A acção desta nova série passa-se em 2036, com flashbacks para 2022, quando Albert Wesker aceita mudar-se com as filhas adoptivas, Jade e Billie, para New Raccoon City, cidade construída e governada pela Umbrella Corporation, para a qual o cientista vai trabalhar. É então que Jade e Billie percebem que algo sinistro se passa e vão tentar descobrir os segredos daquela opaca organização. Aparentemente, as duas jovens estão a servir como cobaias no desenvolvimento de um fármaco, o antidepressivo Joy (Alegria), e, como se isso não fosse suficientemente perturbador, este é depois comercializado contendo o nefasto T-Vírus, que transforma humanos em zombies com exacerbadas capacidades físicas e queda para o canibalism

‘Black Bird’. Crime e recompensa

‘Black Bird’. Crime e recompensa

Larry Hall nasceu em 1962, logo em desvantagem. A família habitava o cemitério na insignificante cidade de Wabash, no Indiana, onde o pai servia como coveiro e profanava cadáveres pela calada da noite, para lhes retirar os objectos de valor com que tivessem sido enterrados. Larry ajudava. Black Bird faz questão de se demorar nessa história de infância, em particular num episódio em que Larry, criança ainda, é forçado pelo pai a cortar com um alicate o dedo a um desses corpos desenterrados que, inchado, impedia que lhe fosse retirado o anel. O irmão ficava em casa. Eram gémeos, mas Gary tinha vampirizado Larry ainda no útero materno, impedindo o seu desenvolvimento total. Apesar de idênticos, quando cresceram ficou clara a diferença entre um e outro nas capacidades física e intelectual. Larry sentia-se menorizado. Era. E o insucesso junto das raparigas levou-o a dar resposta aos seus impulsos libidinosos através da violência: raptando, violando e matando. Black Bird é uma nova série de true crime, que se estreia na Apple TV+ esta sexta-feira, 8 de Julho, com dois dos seis episódios. Cada um tem uma hora, sob a batuta de um dos mais reputados escritores e argumentistas do género, Dennis Lehane, autor dos romances Mystic River, Vista Pela Última Vez... e Shutter Island, e com intervenção em produções como The Wire, Boardwalk Empire e The Outsider. É o showrunner, apoiado na autobiografia de Jimmy Keene, In with the Devil: A Fallen Hero, a Serial Killer, and a Dangerous Bargain f

‘A Fragrância da Primeira Flor’. O amor entre duas mulheres como drama de desencontros

‘A Fragrância da Primeira Flor’. O amor entre duas mulheres como drama de desencontros

Taiwan foi o primeiro país asiático a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2019. O primeiro e para já o único (a Tailândia está na vertigem de se tornar o segundo). Mas nem o progresso social acompanhou no imediato os avanços legislativos, nem só com festa e felicidade reagiram as pessoas LGBT+ a esse marco histórico naquele país. Para quem já havia cedido ao medo e à vergonha, para quem não pôde esperar, para quem comprometeu a sua identidade para cumprir com o que delas se esperava sem questionar – que casassem e constituíssem família, homem com mulher, mulher com homem –, para essas pessoas houve um misto de frustração e desorientação. A lei chegou tarde e pareceu ser para os outros. Já a realidade era irremediável, já a mentira tinha perna longa, marido, filhos, obrigações. Já sair do armário implicava exponencialmente mais complicações. A Fragrância da Primeira Flor é sobre isso, sobre uma geração que teve de se esconder e agora vive no purgatório das consequências. No caso, Yi-Ming (Zai Zai Lin) e Ting-Ting (Lyan Cheng), que se conhecem e apaixonam no liceu, mas cujo processo de descoberta desse amor é abruptamente travado quando são vítimas de um crime e os adultos à sua volta começam a questioná-las sobre o que estavam a fazer sozinhas na rua àquelas horas. As duas amigas sentem-se imediatamente no banco dos réus e a mais velha, Yi-Ming, menos à vontade com a ideia de uma relação lésbica, decide cortar laços e seguir com a sua vida. Até ao momento em

Ms. Marvel. Uma super-heroína muçulmana nascida sem o pecado do preconceito

Ms. Marvel. Uma super-heroína muçulmana nascida sem o pecado do preconceito

“Tu és uma super-heroína egípcia?” A pergunta é feita em árabe e a rapariga que a profere, numa rua do Cairo transformada em campo de batalha, mal pode acreditar nos seus olhos. “Sim”, responde-lhe ​​Layla El-Faouly, interpretada pela egípcio-palestiana May Calamawy em Moon Knight: Cavaleiro da Lua, a série da Marvel que chegou recentemente ao fim no Disney+. As reacções não se fizeram esperar: finalmente. Era mais um capítulo da prometida diversidade para a Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), que já entregou o escudo do Capitão América a uma pessoa negra (O Falcão e o Soldado do Inverno); já abriu espaço ao primeiro protagonista asiático deste longuíssimo fio narrativo (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis); e já apresentou um elenco marcadamente multiétnico numa das suas grandes produções para cinema (Eternos). Mas ​​Layla era o sidekick. Esta quarta-feira, estreia-se na mesma plataforma de streaming uma série inteiramente dedicada a uma super-heroína de origem muçulmana: Ms. Marvel. É a história da jovem americano-paquistanesa Kamala Khan. Ms. Marvel não é uma personagem nova. Originalmente, era Carol Danvers, que hoje é ela própria o Capitão Marvel. Kamala Khan, pelo contrário, é recente: apareceu nos comics há menos de dez anos pelas mãos da americano-paquistanesa Sana Amanat, que queria criar uma personagem com que as miúdas muçulmanas da sua e de outras famílias se pudessem relacionar. Kamala é uma adolescente obcecada com super-heróis no geral e com a Cap

Netflix vai ter uma nova série portuguesa: ‘Rabo de Peixe’

Netflix vai ter uma nova série portuguesa: ‘Rabo de Peixe’

José Condessa, Helena Caldeira, Rodrigo Tomás, André Leitão e Kelly Bailey são os protagonistas da próxima série portuguesa da Netflix, a ser filmada nos Açores. A plataforma de streaming, a maior do mundo (apesar de ter perdido 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano), anunciou esta quarta-feira que Rabo de Peixe será um thriller sobre um grupo de amigos que de repente se vê na posse de uma tonelada de cocaína. “Inspirada livremente em factos reais”, a série produzida pela Ukbar Filmes e realizada por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira começa a ser rodada “em breve” nos Açores. O concelho da Ribeira Grande, o ilhéu de Vila Franca do Campo, a lagoa das Sete Cidades, as Furnas e as “impressionantes paisagens do Nordeste” são os locais em que irão decorrer as rodagens no arquipélago. Depois, serão também filmadas cenas em Lisboa. Augusto Fraga, natural de Rabo de Peixe, é também o criador da série. Citado em comunicado, o realizador diz ser “um enorme orgulho poder mostrar os Açores ao mundo”. “Esta é uma série de puro entretenimento e adrenalina, mas, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a fortuna e fatalidade da condição humana. Sendo eu açoriano, estou muito feliz por [levar] esta aventura aos ecrãs da Netflix”, lê-se. Rabo de Peixe é apresentada como um “thriller com toques de humor sarcástico”, que acompanha o grupo de amigos a improvisar um esquema de tráfico de droga com a cocaína que dá à costa naquela pequena localidade insular em que “nada acon

‘Beth e a Vida’, ou a crise de meia-idade de Amy Schumer

‘Beth e a Vida’, ou a crise de meia-idade de Amy Schumer

As canções são assim: intrometem-se. Inesperada e inapelavelmente. Por exemplo, quem diria que diante da nova série da Disney+, Beth e a Vida, comédia dramática com episódios de meia hora, como se fosse uma sitcom (que não é), sobre uma mulher que trabalha como comercial numa distribuidora de vinhos em Nova Iorque, e que se sente miserável, quem diria que diante dessa premissa estaríamos a cantarolar uns versos escritos há 40 anos em Lisboa? “Muda de vida/ Se tu não vives satisfeito/ Muda de vida/ Estás sempre a tempo de mudar/ Muda de vida/ Não deves viver contrafeito/ Muda de vida/ Se há vida em ti e outro jeito”. Eis António Variações, pobre diabo que se fez marçano que se fez barbeiro que se fez cantor que se fez ícone, a abraçar a universalidade, Hollywood incluída, pensamos nós enquanto avançamos pela história criada por Amy Schumer sobre uma crise de meia-idade no feminino. Enquanto vamos ruminando na ideia de que os versos-chave da canção são o terceiro e o quarto, e não os dois primeiros. Estamos sempre a tempo de mudar – e é isso mesmo que Beth fará, embora só depois de uma sequência de acontecimentos-choque. Uma morte e um diagnóstico médico alarmante levam Beth (Amy Schumer) a pôr em causa a vida que leva em Manhattan, o trabalho, o longo relacionamento com Matt (Kevin Kane), que trabalha na mesma empresa que ela e é uma estrela das vendas; levam-na a questionar se a infelicidade que sente se deve à inércia, ao facto de se deixar levar e evitar decisões que causem

Netflix vai ter uma nova série portuguesa: ‘Rabo de Peixe’

Netflix vai ter uma nova série portuguesa: ‘Rabo de Peixe’

José Condessa, Helena Caldeira, Rodrigo Tomás, André Leitão e Kelly Bailey são os protagonistas da próxima série portuguesa da Netflix, a ser filmada nos Açores. A plataforma de streaming, a maior do mundo (apesar de ter perdido 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano), anunciou esta quarta-feira que Rabo de Peixe será um thriller sobre um grupo de amigos que de repente se vê na posse de uma tonelada de cocaína. “Inspirada livremente em factos reais”, a série produzida pela Ukbar Filmes e realizada por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira começa a ser rodada “em breve” nos Açores. O concelho da Ribeira Grande, o ilhéu de Vila Franca do Campo, a lagoa das Sete Cidades, as Furnas e as “impressionantes paisagens do Nordeste” são os locais em que irão decorrer as rodagens no arquipélago. Depois, serão também filmadas cenas em Lisboa. Augusto Fraga, natural de Rabo de Peixe, é também o criador da série. Citado em comunicado, o realizador diz ser “um enorme orgulho poder mostrar os Açores ao mundo”. “Esta é uma série de puro entretenimento e adrenalina, mas, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a fortuna e fatalidade da condição humana. Sendo eu açoriano, estou muito feliz por [levar] esta aventura aos ecrãs da Netflix”, lê-se. Rabo de Peixe é apresentada como um “thriller com toques de humor sarcástico”, que acompanha o grupo de amigos a improvisar um esquema de tráfico de droga com a cocaína que dá à costa naquela pequena localidade insular em que “nada acontece”. “

‘La Fortuna’, uma série e uma lição: “A cultura é o nosso petróleo”

‘La Fortuna’, uma série e uma lição: “A cultura é o nosso petróleo”

La Fortuna é uma história de piratas. Piratas de mar, à antiga, embora esta não seja uma série de época. Estes piratas não têm perna de pau, olho de vidro e cara de mau, como escreveu Braguinha. São mais sofisticados. Dizem-se caçadores de tesouros, usam tecnologia de ponta, envergam roupas de fino corte e cirandam pelos meandros do poder, amealhando aliados. O que fazem é perscrutar o fundo dos oceanos para recuperar moedas, metais preciosos e outras relíquias perdidas em naufrágios. No caso, a Atlantis, empresa do aventureiro Frank Wild (Stanley Tucci), retira das águas a Oeste de Gibraltar (isto é, sensivelmente a Sul de Portugal) o riquíssimo recheio de uma fragata espanhola, La Fortuna, afundada por navios de guerra ingleses no início do século XIX. O maior tesouro submarino alguma vez resgatado. Mas fá-lo à revelia das autoridades espanholas e tenta esconder a mão, apresentando o espólio como um achado nos EUA e recorrendo à burocracia norte-americana para legalizar o saque e impedir Espanha de o reclamar. Este é o ponto de partida de La Fortuna, a primeira série de televisão de Alejandro Amenábar, realizador chileno-espanhol que a maioria conhece pelo filme Mar Adentro (2004), com o qual conquistou um Óscar. É a adaptação de uma novela gráfica, O Tesouro do Cisne Negro, de Paco Roca e Guillermo Corral (ed. Levoir, 2019). Esta, por sua vez, dramatiza um acontecimento real: o destino da fragata Nuestra Señora de las Mercedes, em 1804, que trazia para a Europa todo o ouro

‘La Fortuna’, uma série e uma lição: “A cultura é o nosso petróleo”

‘La Fortuna’, uma série e uma lição: “A cultura é o nosso petróleo”

La Fortuna é uma história de piratas. Piratas de mar, à antiga, embora esta não seja uma série de época. Estes piratas não têm perna de pau, olho de vidro e cara de mau, como escreveu Braguinha. São mais sofisticados. Dizem-se caçadores de tesouros, usam tecnologia de ponta, envergam roupas de fino corte e cirandam pelos meandros do poder, amealhando aliados. O que fazem é perscrutar o fundo dos oceanos para recuperar moedas, metais preciosos e outras relíquias perdidas em naufrágios. No caso, a Atlantis, empresa do aventureiro Frank Wild (Stanley Tucci), retira das águas a Oeste de Gibraltar (isto é, sensivelmente a Sul de Portugal) o riquíssimo recheio de uma fragata espanhola, La Fortuna, afundada por navios de guerra ingleses no início do século XIX. O maior tesouro submarino alguma vez resgatado. Mas fá-lo à revelia das autoridades espanholas e tenta esconder a mão, apresentando o espólio como um achado nos EUA e recorrendo à burocracia norte-americana para legalizar o saque e impedir Espanha de o reclamar. Este é o ponto de partida de La Fortuna, a primeira série de televisão de Alejandro Amenábar, realizador chileno-espanhol que a maioria conhece pelo filme Mar Adentro (2004), com o qual conquistou um Óscar. É a adaptação de uma novela gráfica, O Tesouro do Cisne Negro, de Paco Roca e Guillermo Corral (ed. Levoir, 2019). Esta, por sua vez, dramatiza um acontecimento real: o destino da fragata Nuestra Señora de las Mercedes, em 1804, que trazia para a Europa todo o ouro

Escultura de Julião Sarmento posa no Jardim da Gulbenkian

Escultura de Julião Sarmento posa no Jardim da Gulbenkian

O Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian tem uma nova escultura em exposição. Marie, de Julião Sarmento, foi criada para o pátio exterior da Sede da Delegação da Fundação em Paris, e apresenta-se pela primeira vez em Portugal. A peça, que está junto à Biblioteca de Arte, é fruto da exploração do olhar masculino sobre o corpo feminino. Através das técnicas da escultura digital em 3D, esta figura em resina com 1,80m enverga um vestido criado pelo designer de moda Felipe Oliveira Baptista. Ainda que a resina consiga sobreviver à ação do tempo, o material do vestuário será renovado quando necessário. Também uma carrinha das Bibliotecas Itinerantes da Fundação recebe, até 8 de Maio, livros e catálogos de exposições com o trabalho de Julião Sarmento. A versão digital da mostra bibliográfica já está no site da Biblioteca de Arte e Arquivos da Fundação. A instalação de vídeo Close (2001), produzida por Julião Sarmento com o realizador egípcio Atom Egoyan, e que se estreou na Bienal de Viena, foi agora também adquirida pela Gulbenkian, o que fez crescer para 30 o número de obras do artista português na colecção do Centro de Arte Moderna, com pinturas da década de 80 e 90, séries de gravuras, duas instalações e um filme experimental. Avenida de Berna (Lisboa). Qua-Seg 09.00 às 20.30, Ter 08.00 às 20.00. + Lenine regressa a Portugal em Novembro. E traz o filho consigo + Festival Jardins Abertos volta a abrir os portões dos jardins da cidade já este mês